Alexisonfire fechou a noite do último sábado, 26, do Palco Adidas no Lollapalooza Brasil – e marcou a resistência da música pesada no festival com um show explosivo e histórico
O retorno da banda ao Brasil depois de mais de uma década já tinha passado por Curitiba e as Lolla Parties com brutalidade avassaladora. Dividindo o posto de headliner do dia com Miley Cyrus, a banda teve um público diminuto – certamente o menor para um headliner nesta e em outras edições -, mas fiel e entusiasmado, desde a grade até as pessoas mais afastadas do palco, com mosh pits e coros que podiam ser ouvidos de longe.
O som do palco, projetado para sobrepujar o barulho de milhares de pessoas circulando na área, foi o único ponto técnico a ser melhorado na performance: com os arredores desocupados, o volume ultrapassou o necessário, por vezes até estourando as vozes e instrumentos.
Mas a potência do Alexisonfire nada tinha a ver com alguns decibéis extras: o grupo usou todo o poder de fogo na performance visceral, rebelde e apaixonada, sentimentos ecoados pelo público em uníssono em uma conexão raramente possível em festivais desse porte ou até mesmo shows solo.
Para fazer comparações justas com atrações justas, apenas com atrações do gênero, nem The Strokes e A Day To Remember foram capazes de se conectar com o público como o Alexisonfire fez. Com pouquíssimos celulares erguidos, a pequena multidão estava completamente presente no momento, queimando todas as energias em um exorcismo liderado pela banda no universo próprio daquele instante.
Ver a banda de post-hardcore acompanhada dos fãs no palco mais distante da efervescência do resto do Lollapalooza, cercados apenas pela noite no Autódromo de Interlagos, cria um cenário pós-apocalíptico coerente com o retorno dos shows depois de uma pandemia e diz muito sobre a comunidade de rock e metal. Podemos não ser muitos, mas compartilhamos de um vínculo poderoso e indestrutível.
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