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Adeus Jeff, e obrigado pelos riffs

Confira mais um texto escrito por um de nossos WikiBrothers:

Seus riffs eram tão poderosos que “Raining Blood” se tornou uma das faixas mais tocadas da história do Metal, mesmo sendo o oposto de uma música comercial”

por Cristiano VC

A morte de Jeff Hanneman, guitarrista e co-fundador do Slayer, entristeceu bastante a todos nós fãs de Heavy Metal. E ao analisar o legado de Jeff, existe um significado mais profundo e triste: o Metal perdeu um de seus melhores compositores.

Dos membros originais, Jeff é aquele cuja perda parece ser, à primeira vista, de mais fácil substituição para o Slayer. Tom Araya é a voz e rosto da banda, é inimaginável um show com qualquer outro front-man. Kerry King é o guitarrista que aparece mais, e parece vir tentando ser o “band-leader” nos últimos tempos. É quem mais fala em nome da banda, abraçando uma cruzada anti-religião, talvez numa tentativa de recuperar a coerência da banda, “manchada” com o catolicismo de Tom. Dave Lombardo é um considerado por muitos o melhor baterista do gênero, e sua ausência divide os fãs da banda. Já Jeff ultimamente aparecia bem menos do que King, e a banda vem inclusive realizando tours sem sua presença.

Essa sonoridade do Slayer é um dos mais importantes e representativos legados de todo o Heavy Metal.”

Porém, foi Jeff o principal responsável pela criação da sonoridade do Slayer. Do EP “Hauting the Chapel” até o 4o álbum de estúdio “South of Heaven”, Jeff não participou da criação de apenas 4 músicas. Escreveu a maior, e provavelmente a melhor parte das músicas da banda, tendo sido o único compositor de melodias como as de “Angel of Death”, “Postmortem”, “Raining Blood”, “Die by The Sword” , “South of Heaven”, “War Ensemble”, “Dead Skin Mask”, “Seasons in the abyss”, “213”, “Bitter Peace”, “Point”, “Disciple”, “God Send Death”, entre muitas outras.

Essa sonoridade do Slayer é um dos mais importantes e representativos legados de todo o Heavy Metal. O que ainda não foi dito sobre a intensidade de álbuns como Reign in Blood, dos riffs brutos e solos caóticos da dupla King/Hanneman, e da bateria absolutamente precisa de Dave? O Slayer construiu uma identidade sonora absolutamente inconfundível. Foi a primeira banda que se desgarrou do som rápido porém melódico das bandas do “New wave of British Heavy Metal”, do mesmo modo que foram as bandas britânicas que se desgarraram dos elementos de blues do hard rock dos anos 70. Influenciaram significantemente muitas das bandas de Thrash, Death e Black Metal que vieram depois, porém ainda soam tão pesados quanto essas últimas. A música do Slayer não precisa de artifícios, como abaixar a afinação – pegue um riff e toque no violão, que a melodia ainda irá soar inegavelmente pesada.

A banda escrevia sempre a música antes da letra, e a grande maioria das músicas começou num riff de Jeff. E esses riffs eram tão poderosos que uma música como “Raining Blood” se tornou uma das faixas mais tocadas da história do Metal, mesmo sendo o oposto do que torna uma música comercial: não tem um refrão, rimas ou versos que se repetem, além, é claro, de ser atonal e começar e terminar em longos períodos de “barulhos” infernais.

Em uma entrevista para a ESP, Jeff cita odiar “músicas felizes” e se entediar quando as pessoas cantam sobre “amor e otimismo”, pois isso o entedia. Nada traduz melhor o que é o Slayer como o oposto de músicas felizes e entediantes.

Perdemos Jeff de forma prematura, como Chuck e Dimebag antes dele. Lendas como Iommi, Hetfield e Mustaine ainda vivem. O mundo precisa de mais caras como esses, com suas contribuições únicas não só para o Metal, mas para a música como um todo.

*Este texto foi elaborado por um Wikimate e não necessariamente representa as opiniões dos autores do site.

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