O A Day To Remember pisa no Brasil no final de março para se apresentar no Lollapalooza no sábado, 26, ao lado de nomes como Miley Cyrus, A$AP Rocky e Alok. Nesta quinta-feira, 03, a banda foi confirmada como atração de uma das famosas Lolla Parties ao lado do Alexisonfire, que também integra a lineup do dia 26.
Em entrevista ao Wikimetal, o guitarrista Neil Westfall falou com muita empolgação sobre o que os fãs podem esperar da passagem do A Day To Remember pelo Brasil. A visita estava confirmada desde a edição de 2020 do Lollapalooza, que foi cancelada devido ao coronavirus.
Confira a conversa na íntegra:
Wikimetal: O Lollapalooza finalmente vai acontecer esse ano! O que os fãs brasileiros podem esperar do show de vocês?
Neil Westfall: Uma quantidade insana de energia. Vamos trazer toda a energia que temos, literalmente. Ficamos muito animados quando descobrimos sobre [o festival] em 2020, ou algo assim. Faz tanto tempo que falamos sobre isso pela primeira vez que eu nem me lembro mais, mas isso ficou acumulado desde então e nós estamos muito animados. Os fãs brasileiros são alguns dos melhores no mundo inteiro e nós vamos trazer energia. Vamos trazer um show incrível e retribuir a energia [deles]. Vai ser como um grande abraço virtual, só que na vida real e sem abraços de verdade. Vai ser incrível.
WM: Isso é ótimo de ouvir! Vocês vão tocar no sábado, que é um dos dias mais diversos em termos de atrações, e você já disse antes que considera isso algo bom porque pode apresentar a banda para novos públicos. Você acha que esse revival do pop punk pode contribuir em apresentar bandas mais pesadas para pessoas mais jovens?
Neil: Com certeza. Acho que uma das partes mais legais da nossa banda, especificamente, é que nós meio que atuamos como uma ponte onde, na mesma música nós temos um refrão super pop punk, ou então músicas inteiras de pop punk, e depois incorporamos algo pesado e as pessoas pensam ‘Uau, eu não sabia que eu gostava disso’. Acho que muitas bandas hoje em dia não têm medo de combinar todos esses gêneros diferentes e acho que isso é ótimo pra todo mundo.
É como ler o encarte de um CD e encontrar várias outras bandas que influenciaram aquela banda e aí você encontra novas bandas que você passa a amar. Acho que é assim hoje em dia. Ter todos esses gêneros misturados, todas essas bandas em playlists diferentes no streaming e você poder ouví-las e pensar ‘Caramba, eu amei essa banda. Eu nem sabia que gostava desse tipo de música.’ É muito legal. Eu realmente acho que é incrível o pop punk estar de volta. Provavelmente ele está maior hoje do que um dia já foi, pra ser sincero. E fazer parte disso é incrível.
WM: Falando em misturar gêneros, essa nova onda do pop punk trouxe uma mistura do emo com o hip-hop. Vocês consideram fazer alguma colaboração com artistas do hip-hop ou do rap?
Neil: Sim, na verdade nós tentamos. Quando estávamos fazendo o Common Courtesy (2013), nós perguntamos ao Rick Ross se ele queria participar de uma das músicas. Nós amamos rap e hip-hop. Sinceramente, esse é provavelmente o gênero que mais ouvimos. Quando estamos nos preparando para os shows nós gostamos de ouvir músicas que nos animam.
WM: Quais são alguns dos seus [artistas] favoritos?
Neil: Ultimamente, tudo do A$AP Rocky. Obviamente Kanye West e Jay-Z. Alguns nomes novos também. Gosto dos que misturam coisas, como Lil Skies, Lil Gnar, esses rappers mais jovens que também estão misturando mundos e desafiando os limites no gênero deles. Os que estão incorporando um elemento mais pesado, como o POORSTACY e o Kodak Black. Muita coisa da Flórida, gostamos muito do hip-hop da Flórida.
Qualquer coisa que traga bastante energia, independente de onde isso venha – seja do rock, do rap, do metal ou pesado – qualquer coisa que nos dê aquela emoção, nós ouvimos. Sinceramente, amamos tudo isso.
WM: Você mencionou o A$AP Rocky e ele vai ser um dos headliners no sábado junto com a Miley Cyrus, que recentemente também se entregou ao rock. Você ouviu algo dela ou tem algo a dizer sobre esses artistas que vieram de outros gêneros e agora estão migrando para o rock?
Neil: Eu acho incrível que todos estejam explorando. A melhor parte de estar no A Day To Remember é poder explorar todos esses gêneros diferentes, então ver outros artistas explorando isso também, você sabe que eles vão acabar criando coisas que nunca foram vistas antes. Eles vão pegar várias dessas influências e incorporar no repertório deles, em tudo o que fizeram em suas carreiras, e vão criar algo que nunca existiu. Para mim, isso é empolgante.
Essa é a parte mais divertida da música: fazer algo que não tenha sido feito 100 vezes antes. Você ouve uma música e pode pensar que soa igual a sete outras pessoas, mas então você ouve algo que essa galera está criando e pensa ‘Uau, isso nunca existiu desse jeito antes’. E isso te dá um sentimento igual ao da primeira vez em que você ouviu sua banda favorita. É pra isso que eu ouço música.
Parece que isso tem acontecido de forma cada vez mais frequente ultimamente com essas pessoas mesclando gêneros e desafiando as limitações. E o fato de que as pessoas não têm medo de fazer isso é incrível por si só. Porque eu acho que tem algo bom por vir e nós e as pessoas vão continuar lançando músicas que vão abalar o mundo e é incrível que o rock seja parte disso.
WM: Eu quero falar um pouco do último álbum de vocês porque o Jeremy disse uma vez que esse álbum representa quem vocês foram, quem vocês são e quem vocês querem ser. Vocês estão na estrada há 20 anos. Quem vocês ainda querem ser e o que vem por aí?
Neil: Queremos ser headliners de festivais. Queremos poder montar shows que são de outro nível em questões de produção. Queremos estar em turnê. Queremos estar tocando música na frente de pessoas para as quais isso signifique tanto quanto para nós. E, sinceramente, nós nunca estivemos tão famintos. Nunca quisemos tanto sair e fazer isso mais do que agora.
Acho que passar por essa pandemia e ver o quão frágeis são esses eventos ao vivo e o quão rápido isso pode ser tirado de nós só contribuiu para nos dar a noção do quanto isso é importante para nós e para todos envolvidos, e o quanto isso significa para as pessoas e o quanto elas precisam disso tanto quanto a gente.
Para o futuro, não vamos tomar nada como garantido. Queremos fazer tudo o que quisermos. Queremos ser headliners, queremos montar turnês que sejam importantes não só para os nossos fãs, mas para nós enquanto músicos. Queremos tocar com pessoas que nos inspiram e trazer uma luz para novas bandas que vão continuar a ultrapassar os limites ainda mais.
Então, depois de 20 anos, nós ainda temos as mesmas metas que tínhamos quando estávamos começando. Nós amamos isso, essa é a nossa vida e pensamos nisso todo santo dia. Estivemos no estúdio pelas últimas três semanas só nos preparando para voltar para a estrada, construindo equipamentos para as guitarras, nos preparando para viajar, montando o show, escrevendo músicas e nos sentindo inspirados. É incrível. Realmente é.
WM: Você pode me contar sobre algo novo?
Neil: Estamos trabalhando em músicas novas, mas estamos sempre fazendo isso [risos]. Temos algumas coisas que estão perto de serem finalizadas, mas não sei quando isso vai acontecer. Estamos trabalhando em algumas coisas que são incríveis. É uma das melhores coisas que já fizemos na nossa carreira e eu sei que todo mundo diz isso, mas eu acredito de verdade que algumas dessas músicas que estamos escrevendo está nos testando e testando nossos limites. É muito legal.
WM: Isso é ótimo! Para aqueles que ainda não conhecem sua banda depois de todos esses anos, como você descreveria o A Day To Remember?
Neil: Engraçado, essa é uma boa pergunta. Sempre que eu conheço alguém novo eu falo que nós somos confusos em relação a gêneros. Nós não conseguimos decidir quem nós somos ou quem queremos ser, então decidimos ser tudo e todas as coisas ao mesmo tempo.
Eu basicamente digo ‘Olha, nós temos coisas que são acústicas que soam como o Plain White T’s e o New Found Glory, mas também temos coisas que soam como o Slipknot e o Cannibal Corpse ou alguma outra banda de metal.’ Nós cobrimos todos os espectros, todos os gêneros envolvidos no espectro, e eu não faria nada diferente.
Eu também digo que nós sabemos que temos algo para todo mundo. Sabe, nós temos todos os sabores e você pode gostar de algum deles se você curte música no geral e quiser ouvir A Day To Remember. Acho que todos temos orgulho disso porque conseguimos representar todos os gêneros que nos inspiram. E também porque as pessoas são suscetíveis e nos aceitam por fazer isso. Então isso significa que estamos fazendo isso pelo menos um pouco bem.
WM: Você tem algum último recado para os fãs brasileiros?
Neil: Venham se divertir com a gente. Curtam essa experiência conosco porque eu não sei quando poderemos voltar e nós vamos fazer essa experiência ser o mais incrível que pudermos porque não podemos tomar nada disso como garantido.