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Capa do álbum 'Something to Write Home About', do The Get Up Kids

Capa do álbum 'Something to Write Home About', do The Get Up Kids. Crédito: Divulgação

25 anos de um clássico: The Get Up Kids e ‘Something to Write Home About’

Ícone do emo, banda se apresenta em São Paulo no próximo domingo, 04, no Oxigênio Fest

Texto por Stephanie Souza 

Se tem uma banda que podemos eleger pela introdução do emo no imaginário popular estadunidense dos anos 90, essa banda seria o The Get Up Kids.

Ao questionarmos as origens do emo como movimento musical, a conclusão possui diversas variáveis (nenhuma 100% correta): Rites of Spring, Sunny Day Real Estate, Cap’n Jazz, Jimmy Eat World, Jawbreaker, Quicksand, Death Cab For Cutie, entre outras.

Mas, sem dúvidas, o grupo que pavimentou o caminho da ascensão do emo ao mainstream, se tornando uma virada de chave para uma parte da música alternativa dos anos 90/2000, foi o The Get Up Kids. E fizeram isso com maestria ao misturar a crueza do emo à um som mais limpo e comercial, voltado para rádios e programas de tv, numa época em que a internet estava apenas em sua fase introdutória. 

Ao contrário de bandas que, mais tarde, alcançaram o auge estratosférico do emo (inclusive no Brasil), como o Fall Out Boy e o My Chemical Romance, o The Get Up Kids permaneceu no lado b da coisa, sem se curvar à pressão comercial das grandes gravadoras, se transformando num clássico intocável apenas àqueles que se relacionaram de forma um pouco mais profunda com a cena. 

Something to Write Home About, lançado em 1999, é o segundo álbum da banda, e se tornou um grande divisor de águas, não apenas para a cena, mas também para o gênero como um todo. É daqueles álbuns que diferentes bandas tentaram replicar de tempos em tempos (mas nenhuma conseguiu com a mesma sensibilidade e fluidez que o TGUK criou).

A faixa de abertura, “Holiday” já nos conta tudo que o grupo se propõe a transmitir. Guitarras explosivas, sintetizadores (grande diferencial entre as bandas da época) e vocais emotivos e agudos de Matt Pryor, que se declara de forma bastante sensitiva aos amores perdidos: “Say goodnight, mean goodbye / I know you think my life would stop when you’re away / I’m lucky if we’re speaking on holidays” (“Dizer boa noite, quer dizer adeus / Eu sei que você pensa que minha vida pararia quando você estiver longe / Talvez eu possa te ver em feriados”, em tradução livre).

“Action & Action”, um dos dois singles do álbum, destaca a importância do tecladista James Dewees, que apresenta uma linha de sintetizador muito bem executada, em contraste com os vocais de Pryor e a bateria de Ryan Pope, que chega para amarrar tudo. A letra reflete não apenas uma banda em sua fase de maturação, borbulhando de uma certa… angústia “adolescente”, mas também a transição da música do final dos anos 90: a ascensão das boybands e do nu metal e a incógnita da cena alternativa. O ponto aqui é a desilusão, a ânsia, a inquietude: “If the world is ending, then we toast to it” (Se o mundo está acabando / Então brindemos a isso”, em tradução livre).

“Ten Minutes”, single principal do álbum, soa muito familiar, flerta bastante com o pop-punk com seus riffs de guitarra pontuais, em contraponto com o tom mais triste de sua letra. Nela se consegue perceber o impacto do TGUK em bandas de pop punk que vieram depois, como o Taking Back Sunday.

É como se o grupo tivesse uma receita ultrassecreta para esse álbum: a simplicidade implacável e funcional de “I’m a Loner Dottie, A Rebel” e “My Apology”, a atemporalidade de “Long Goodnight” e “Out of Reach” e a ingenuidade de “Valentine” transmitem toda a vivacidade e nostalgia que compõem o apelo de Something to Write Home About.

“I’ll Catch You” encerra o álbum com uma intro de piano lenta e suave, que se intensifica progressivamente e explode de forma muito bem orquestrada. É o ponto final perfeito para um clássico carregado de sentimentos intensos de confusão mental juvenil. 

Não se pode negar o espaço que o TGUK criou para o emo/pop punk moderno. Something to Write Home About criou um molde para todas as bandas que vieram a seguir, sendo pioneiros na transição do emo entre cultura underground para fenômeno popular. Viciante, sincero e estimulante, é fácil de gostar e de entender como garantiram seu espaço no hall da fama do emo. 

A banda volta ao Brasil no próximo fim de semana, com duas apresentações: uma no Rio de Janeiro, no Circo Voador, dia 01/08, e uma em São Paulo, pelo Oxigênio Fest, que acontece nos dias 03 e 04 de agosto – a banda se apresenta no domingo, dia 04. A turnê vem para celebrar os 25 anos do clássico que leva o título desse texto. Essa será a segunda apresentação do grupo no país.

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