Stone Temple Pilots e Bush se apresentaram em São Paulo e irão para o Rio e Belo Horizonte
Stone Temple Pilots e Bush têm mais em comum do que as raízes no grunge, ou pós-grunge como alguns preferem. São duas grandes bandas capazes de gerar bastante animação em quem passou a infância e adolescência nos anos 90. Já o público mais novo deve conhecer uma outra música mais famosa, respeitar os nomes e só.
Outra característica em comum, e que torna curiosa a turnê que estão fazendo juntos no Brasil, são os integrantes. As duas desfilaram membros que nunca haviam pisado em um palco no país e fizeram a estreia verde e amarela no Credicar Hall, em São Paulo.
O posto de frontman do Stone Temple Pilots passou de Scott Weiland a Chester Bennington e desse a Jeff Gutt. Os outros integrantes são o mesmo do início da banda. Guitarra e baixo com os irmãos Dean e Robert DeLeo e bateria com Eric Kretz.
Já o vocalista do Bush continua o mesmo, e sempre enérgico, Gavin Rossdale, ao lado do baterista original, Robin Goodridge. Os novos integrantes são Chris Traynor e Corey Britz, respectivamente na guitarra e no baixo.
Os caras do Stone Temple Pilots, que entraram primeiro, já não sustentam a mesma energia de antes. Por isso, Jeff Gutt é quase uma bengala quarentona entre os companheiros de mais de 50 anos. Essa diferença de idade faz Gutt parecer mais solto no palco. E a semelhança dele com Scott Weiland é impressionante. Parece um cosplay que engana todo mundo e tira fotos fingindo ser o original.
Gutt dança, balança os ombros, pula e seduz de um jeito que só um rockeiro conservado consegue fazer. No vocal, ele segura a barra que os dois antigos cantores, melhores do que ele, deixaram. O auge da performance foi em “Plush”, um dos hinos da banda. Enquanto isso Dean DeLeo solava, arrancando gritos da plateia e Robert interagia com o público e fazia careta com todo o estilo.
O Bush entrou com o terreno já preparado. Gavin e companhia abriram os trabalhos com “Machinehead”, como se quisessem tirar da frente o que eles sabiam que todo mundo esperava. Dalí para frente era se surpreender e aproveitar um show cuja setlist pouco saiu dos anos 90 (assim como a do STP).
O cantor interagia com a plateia o tempo todo. Desceu do palco e foi cantar junto com o povão, da pista normal e não da parte dos ricos como fez questão de ressaltar. Todo o sarcasmo inglês presente enquanto zoava a plateia, falava de aquecimento global e xingava. Era um moleque dos anos 90, aparentemente transportado pelo Dr. Who a 2019. Aos pedidos dos fãs, a banda tocou “Greedy Fly” no improviso. Enquanto os novos integrantes acompanhavam tudo agitando o público, sorrindo e fazendo graça.
Se o tempo do pós-grunge já passou, o ar de renovação das atuais formações trouxe um misto de nostalgia e novidade. A sensação estranha de estar vendo a banda original, mas com cara de cover ou homenagem. Energia não faltou. E se ela não é capaz de levar luz à nova geração do público, ao menos mantém acesas as que já fraquejavam nos ex-adolescentes noventistas.
Fotos do Bush por: Mila Maluhy