Confira nossa entrevista com o vocalista Jason Aalon Butler do Fever 333

O Super Bowl 2017 acabou com o New England Patriots vencendo o Atlanta Falcons por 34 a 28. Na casa do superprodutor e Midas John Feldman, estavam Travis Barker (do Blink-182) e Jason Aalon Butler (na época, vocalista do LetLive). A conversa do pós-jogo rolava e uma ideia surgiu. Jason e Travis sentiam falta de bandas de atitude, engajadas socialmente e com um propósito claro de revolucionar, não só a música, mas também a sociedade.

Jason Butler saiu de lá com uma ideia fixa. Nos dias seguintes chamou os colegas Stephen Harrison e Aric Improta. Este último, colega de LetLive. Foi assim que surgiu o Fever 333, nova banda que lançou o primeiro disco Strength In Numb333rs no início de 2019.

Desde o EP Made An America, de 2018, os críticos especializados começaram a descrever o Fever como uma mistura de Rage Against The Machine com Linkin Park. As influências do metal e do rap e o engajamento social explicam a comparação precipitada. O tempo provou, porém, que a banda não é apenas uma mistura de conceitos pré-existentes, mas algo novo.

O primeiro disco inicia com sons de uma espécie de manifestação política. Uma repórter entrevista um dos presentes, que explica que aquele é um show de rock revolucionário. O engajamento político é central para a banda.

“Eu cresci em uma comunidade de Inglewood, na Califórnia. Desde criança eu percebia que tinha algo de diferente naquele lugar. Por que as pessoas de lá não tinham as mesmas propriedades dos lugares vizinhos? Por que meus pais ganhavam menos do que outros adultos? Por que nosso tom de pele era diferente?”, contou Jason em entrevista para o Wikimetal.

“Isso não é apenas minha opinião, é um caso de política pública. Eu fui tendo experiências que abriram meus olhos para essas diferenças. Isso me inspirou a ser o artista que luta contra todo preconceito”.

Jason vê a música como uma trilha para a revolução. “A arte precedeu todo tipo de revolução na história mundial. Seja ela sexual, intelectual ou social. É porque fala com essas pessoas de forma que mais nenhum tipo de comunicação consegue. A música te faz pensar, discutir, querer agir. Temos uma relação primitiva com a música. Esta é uma das mais poderosas ferramentas de mudança.”

Assumidamente de esquerda, Jason acredita em ideias radicais, mas não na exclusão. “Eu não estou dizendo que as pessoas precisam concordar comigo. Mas, acho que conseguimos promover algum tipo de progresso se conversarmos. As ideias de esquerda são mais baseadas em soluções, mas existe um lugar, senão no meio do espectro político, no meio do espectro comunicacional, para que possamos debater sobre o que é melhor.”

Desde o nome, o propósito do Fever é muito claro. 333 se refere à repetição tripla da terceira letra do alfabeto, o C. Comunity, Charity e Change, significam. Comunidade, Caridade e Mudança. “O objetivo central da banda é que as pessoas reconheçam o poder que elas têm. Quero que elas saibam que possuem um lugar nesse mundo, um papel para assumir. As mulheres, os gays, os negros, os latinos, os muçulmanos…”

Como uma febre, a mensagem do Fever vem se espalhando pelo mundo. Uma semente radical que tende a dar frutos inclusive no Brasil, onde a banda fará dois shows no início de abril. “A onda conservadora tem se espalhado pelo globo. Trump representa isso nos EUA, Bolsonaro no Brasil”, compara. “Nosso erro foi que deixamos isso chegar longe demais. Ninguém esperava que eles fossem ganhar, porque é óbvio que seriam péssimos presidentes. Temos que parar isso. Um cara que tem ideias homofóbicas, sexistas, higienistas, islamofóbicas não pode presidir um país.”

Os fãs brasileiros poderão ver de perto a fúria do Fever 333 no Lollapalooza. E Jason parece animado em conhecê-los. “Eu honestamente estou muito ansioso pela turnê na América do Sul, principalmente no Brasil. A música é muito intrínseca à cultura brasileira. Vocês respeitam a música, é espetacular. Sinto-me muito sortudo”, confessou. “Vamos juntos atrás da revolução. Poder para todas as pessoas!”

O Fever 333 irá se apresentar no Lollapalooza 2019, clique aqui para comprar os ingressos.

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